31 de out. de 2015

 Pastora Lanna Holder


          Desde pequena, Lanna Holder conhece bem sua preferência sexual: meninas. Aos 18 anos, fugiu de casa para se juntar a outra mulher. Ao mesmo tempo, se envolveu com drogas e bebida. Perturbada com as pregações evangélicas da mãe, que insistia em dizer que ela ia para o inferno por ser lésbica, Lanna largou a namorada — com quem vivia há três anos — e os vícios, fez as malas e rumou para o interior de Pernambuco, onde se isolou do passado e convivia somente com outros evangélicos. Seus primeiros testemunhos se destacaram entre os crentes. Afinal, ela se dizia uma ex-homossexual, curada e liberta. Lanna se tornou pastora, viajou o mundo levando consigo o testemunho da cura gay e ganhou cada vez mais destaque no universo evangélico. Casou com um pastor e teve um filho. Durante uma viagem aos Estados Unidos, conheceu Rosânia Rocha, pastora, cantora, mãe e também casada com um pastor. Ambas se apaixonaram, se envolveram e resolveram contar para os maridos sobre a traição. É aí que o mundo gospel virou de cabeça para baixo. Choveram ofensas e críticas, inclusive dos pastores Malafaia e Feliciano. 
          Juntas há cinco anos, Lanna e Rosânia abriram a Cidade de Refúgio, uma igreja evangélica que, diferentemente da maioria, aceita gays sem considerá-los doentes ou “endemoniados”. “Costumo dizer que tudo aquilo que Jesus pôde mudar em mim, ele mudou. Hoje, não sou alcoólatra, não uso drogas, mas a minha sexualidade continua a mesma”, desabafa. A seguir, leia a conversa que tivemos numa noite em seu escritório de paredes verde-oliva na igreja, no centro de São Paulo (Fonte).